Mengão Robin Hood

Ainda estou recém me recuperando de nossa decepcionante e vexatória derrota para João-Barueri-Ninguém na quarta-feira. O Mengão mais uma vez tira dos ricos pra dar pros pobres, como fazia o lendário herói inglês. 


Fora a natural ducha de água fria que nos trouxe de volta pra nossa realidade de humildes postulantes à uma vaguinha na Liberta-2010, o que mais me incomodou e irritou foram algumas declarações pós-micão.


O contemporizador genial:
"Uma hora perderíamos. Lógico que é pouco para o Flamengo, mas pelo que o time fez neste campeonato estou orgulhoso do nosso grupo."    Bruno, goleiro do Mengo e poeta.


O entrevistado sincero:
"O Cruzeiro nos deu essa gratificação, mas independentemente desse dinheiro do Cruzeiro, a gente entra para vencer."   Val Baiano, artilheiro do Barueri. 


É minha gente rubro-negra... 
Ainda não descobri o que é mais duro de aturar: esse tipo de derrotinha safada ou ser obrigado a ouvir entrevistas como essas aí... 


Sobre o jogo, o que me chamou mais a atenção na fatídica partida de quarta foi a atitude de nosso time. Como pode um time que brigava por título, que estava invicto a 10 partidas, que tinha o apoio maciço da torcida e que enfrentava um adversário inexpressivo e sem nenhuma aspiração no campeonato, jogar uma partida tão desprezível? O Flamengo não se impôs como deveria e por isso permitiu que o Barueri equilibrasse o jogo no primeiro tempo. Tomou um gol por desatenção nos finalmentes do primeiro tempo e complicou de vez sua vida. O segundo tempo conseguiu ser ainda mais desagradávael: um Fla inofensivo e desorganizado, que se expôs a voltar pro Rio com uma sacolada de gols no lombo. 2x0 saiu muito barato. Não tomamos mais gols, porque Bruno fez com as mãos algo que não tem a menor habilidade para fazer com o cérebro.


Reveja as defesaças de Bruno nos melhores momentos da pelada. 


Depois do jogo, nosso goleiraço deu entrevista e disse que uma hora o Flamengo perderia. Isso é fato. Mas o que ele parece ter esquecido é que existem duas maneiras de se perder um jogo: 1) queimando o filme, como fez o Flamengo; ou 2) jogando bem, tomando a iniciativa do jogo o tempo inteiro, partindo pra cima, jogando com a concentração e a dedicação que o momento pedia. Jogando da segunda maneira, também se perde. Porém nesse caso, perde-se muito mais por mérito e/ou sorte do oponente, que por demérito próprio.


E tem mais. Um time que deseja ser campeão não pode se dar o luxo de pensar que uma hora perderá. Perder é consequência do jogo e não um hábito. "Uma hora perderíamos." Essa me deixou muito puto. Então por que não deixaram pra perder jogando de igual pra igual contra o Galo, que é adversário direto, no Mineirão lotado??? Perder um jogo que não poderíamos perder, jogando do jeito que jogamos e depois dar um entrevistinha sem noção dessa é duro de engolir, viu?


Como todo mundo sabe: ser Flamengo não é pra qualquer um. Pra testar os nervos de aço ainda tivemos que ouvir o genial Val Baiano dizer após a partida que alguns desclassificados de algum outro timeco estavam dando grana pros caras nos tirarem ponto!! 


Disso aí me recuso a falar mais. O que ainda quero falar é que num campeonato em que todos os candidatos à qualquer coisa (fuga do rebaixamento, Sul-America, Libertadores e Título), não se cansam de peidar e se complicar, tudo é possível. Portanto, que a nossa moral e que nosso time se recuperem o mais rápido possível desse revés! Não há mais tempo pra chororô - até porque isso é coisa de botafoguense. Amanhã, a vitória contra o Santos no Maraca é mais que obrigação e isso não é novidade pra nenhum flamenguista. Ter que vencer faz parte do DNA do nosso gigante Mengão e sábadão será apenas mais um desafio que nos separa da glória que tanto merecemos.


Mengão Sempre